Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
Quando olho para este termo dá até medo, muitas palavras e palavras difíceis. Quando eu era criança era mais simples, eu era o cabeça de vento, “menino avuado”, não presta atenção em nada, não quer saber da escola, não presta a atenção e por ai vai. Nunca nem sonhei o que seria TDAH, ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, sempre achei que isso era frescura de tempos modernos.
Sempre enfrentei dificuldades na escola, era impossível manter meus pensamentos em uma coisa só. Minha cabeça sempre viajava na maionese, principalmente se a aula fosse “chata”. Sempre brinquei que eu entrava em “modo BLÁ”, modo Blá é quando você está em uma conversa, aula, palestra ou qualquer outra coisa chata e você fica prestando atenção na pessoa, mas o que você escuta é somente: “BLÁ, BLÁ, BLÁ… BLÁ, BLÁ, BLÁ… “
Quando sai da escola, resolvi fazer faculdade de Sistemas de Informação e isso foi um dos maiores desafios que eu já enfrentei em minha vida. Era complicado conseguir focar nas matérias de programação, aquilo chegava a me dar desespero. Eu começava a brincar com o código fonte esperando o professor explicar o que ele tinha passado, isso eu já tinha copiado, acabava me distraindo enquanto fazia testes entre outras coisas e quando dava conta, lá estava eu perdido na matéria.
O primeiro contato que tive com o TDAH foi em meu TCC, estava desenvolvendo uma metodologia de ensino para trabalhar com portadores de tetraplegia, a ideia era criar uma metodologia para ensina-los a utilizarem o programa Motrix da UFRJ. A mãe de um grande amigo meu, a Dona Gelcira, que é psicopedagoga estava me auxiliando no desenvolvimento da metodologia, enquanto isso rolava uma reunião na sala ao lado sobre uma empresa que estávamos planejando abrir, a “VEBI”. Eis que ela me dá uma baita bronca e diz: “- Menino do CÉU, você é muito disperso, tá pior que meu neto…”. Foi ai que ela me explicou o que era a tal TDAH e falou pra eu procurar ver mais sobre, pois isso poderia me atrapalhar ao longo da vida. Meu TCC foi um sucesso, fui aprovado com nota 90 e acabei que nem dei muita moral para a tal TDAH, mas mesmo não dando muita moral, aquilo sempre ficava me perturbando.
Eis que “resolvo” entrar no meio acadêmico por “livre espontânea pressão”, com isso acabei ingressando no mestrado. Confesso que gostei muito da experiencia, minha esposa a Fran sempre me apoiando em todos os momentos. Era bastante puxado, pois eu tinha que dormir em Franca – SP de sexta a sábado e ainda estava dando aula de segunda a quinta em Passos, fora a rotina administrativa que sempre fiz na universidade. Um belo dia em uma aula, uma colega de grupo me pediu para escrever no quadro… Aquilo me deu um “GELO NO CORAÇÃO” e foi dito e feito, ela disse: – Luiz, escreve ai Natureza! E eu escrevi “Natureza”, na hora foi uma risaiada, eu como de costume fiz umas piadinhas comigo mesmo e isso quebrou o gelo do momento. Quando cheguei em Passos, se não fosse pelo apoio da Fran, eu teria desistido do mestrado, ela me apoiou e me convenceu a voltar. E na outra semana, uma amiga do mestrado, a Rita Mozetti, que é psicopedagoga veio conversar comigo e falamos novamente sobre o TDAH. Conclui esta etapa da vida com uma dissertação “fodástica” que me rendeu até um livro, porém o tal do TDAH me incomodava um pouco mais.
E ai eu realmente fui me preocupar com isso, quando infartei em fevereiro de 2019 e acabei procurando um médico psiquiatra para tratar da ansiedade pós infarto. Até comentei aqui! E falei com ele sobre o TDAH e ele tinha me dito que medicar isso seria bobeira, tendo em vista que tinha me graduado, feito pós graduação e mestrado, ele me indicou procurar uma psicologa e fazer uma terapia e treinar bastante para que isso não me afetasse. Foi ai que resolvi criar este blog, onde relato e falo coisas do meu dia a dia e que gosto!
Ahhhhhh, outra coisa bacana também e que me ajudou muito foi este vídeo de um produtor do RJ, o Anderson Gaveta. Neste vídeo também tive contato com o livro da Ana Beatriz Barbosa Silva: Mentes Inquietas que tem me ajudado muito a trabalhar com isso.